Da Mesa da Diretoria da ABCM
Autor: Carlos Alberto Lucato
Junho para o Citrus foi um mês atípico, laranja pera vendeu melhor que Ponkan, cuja fruta historicamente sempre vendeu bem nos meses de frio e tirava venda das laranjas. Preços de Pera e Ponkan tampouco foram bons.
Ponkan devido ao atraso na produção nas regiões mais frias, como Sul de Minas Gerais, chegou de uma vez e com coloração muito boa, porém um mercado morno, de demanda fraca por parte dos consumidores.
As vendas em supermercados estão aquém do esperado. A expectativa é que depois de anos de inaugurações de novas lojas, agora com a economia mais fraca tenhamos problemas de baixo fluxo de clientes por m², medida utilizada por todo o mercado para ver volume de vendas.
Para laranjas, tivemos preços de mercado senão menor, iguais aos preços da indústria, tirando o ímpeto de vendas com melhores preços para mesa e postergando colheitas a espera de melhores preços. Mês de Julho tende a ser ainda retraído para subida de preços devido a férias e frio, mas perspectiva está toda depositada em Agosto, inicio de aulas e temperaturas mais altas, além da indústria que está recebendo frutas a todo vapor.
Para laranja lima e bahia mercado segue abastecido e com preços que caíram em Junho, pois o grosso da produção foi e será colhido agora entre Junho e Julho. Estratégia seria vender os calibres pequenos para indústria e ter disponíveis calibres bons e frutas de qualidade para vender sem pressão nos preços. Promoção em supermercado não funciona mais, se vender barato hoje amanhã vende menos e no final da semana vendeu a mesma quantidade que venderia sem fazer oferta, mas com preço médio menor ao final, não tendo qualquer resultado efetivo.
O mercado de lima Tahiti parece se recuperar da depressão nos preços do primeiro semestre, simplesmente por falta de frutas da última florada e não por tendência de menos fruta para a safra toda. Quem tiver frutas nesses próximos 3 meses deverá aproveitar os melhores preços, como no ano passado.
Com relação a custos temos baixa de preços de fertilizantes, muitos estão com preços iguais a 2021 ou mesmo de 2020, sinalizando bom momento para fixar preços e custo geral. Diesel também está em patamar bom se comparados a 2021, sinalizando um custo mais baixo para a próxima safra. A preocupação segue com a mão de obra de colheita, pois a produção dessa safra está padronizada em florada mais uniforme ocasionando picos de colheita, dificultando quantidade de gente tudo na mesma época.
Causa preocupação mudanças na legislação da lei dos caminhoneiros que foi modificada nessa semana. O STF cancelou diversos artigos, causando alvoroço entre transportadores que dizem que será o caos se isso for realmente obrigatório seguir, pois aumentará muito os custos de fretes e mesmo sua disponibilidade, devido a oferta reduzida de motoristas e os custos de compra dos caminhões novos, trazendo impacto gigantesco no custo unitário para produtos primários como por exemplo insumos que utilizamos no campo.
Por fim segue a preocupação com o greening em nossos pomares, doença que está avançando com velocidade e que agora no inverno aparecerá muito mais nos pomares devido a seca. Muitas frutas estão caindo precocemente e temos visto fotos e mais fotos de frutas no chão… Produtos com moléculas com uso frequente não estão mais funcionando colocando em xeque estratégias de encurtar período de aplicação, tendo produtores falando em 5,7 dias… deixando uma incógnita se o combate ao HLB será efetivo para próxima florada.